Cartas de amor aos mortos

em segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

 


Autor: Ava Dellaira

Gênero: Jovem adulto
Páginas: 338

Editora: Seguinte


Essa é minha primeira leitura de 2025. Cartas de amor aos mortos tem uma certa densidade em sua história: fala de luto, de auto descoberta, de primeiros amores e de encontrar uma luz quando tudo se torna escuro demais.


Nessa história acompanhamos Laurel, uma garota que acabou de entrar no ensino médio e que está lidando com luto pela morte de May, sua irmã mais velha. Um dia, Laurel recebe como lição de casa escrever uma carta para alguém que já morreu. E é assim que começa o livro: Laurel escrevendo para Kurt Cobain, vocalista de Nirvana. O livro todo é escrito como um diário de cartas. E elas vão sendo endereçadas para diferentes celebridades que já se foram dessa dimensão. E a pergunta que fica é: Por que Laurel não escreve para a própria irmã?

Laurel é uma garota inteligente, sensível e que tem tentado lidar com a morte de sua irmã mais velha. Seus pais são divorciados e, depois da morte de May, a mãe das garotas resolveu ir curar o coração longe de todo mundo. Então, além de lidar com o luto pela irmã, Laurel também  precisa lidar com o luto da partida de sua mãe. Laurel não fala da morte da irmã e até mesmo mudou de escola para não ter que falar disso com ninguém. E assim, na escola nova, ela vai tentando se enturmar e faz duas amigas bem intensas. A Hanna e a Natalie. É com elas que Laurel começa a viver suas aventuras adolescentes, a tomar àlcool, cabular aulas. E é com elas também que Laurel aprende o que é amizade. 


E também tem o Sky, o garoto que foi transferido para a mesma escola de May e é um pouco mais velho. Ele acaba se tornando o primeiro amor de Laurel e eles engatam em um namoro. No entanto, apesar de parecer que está seguindo em frente, Laurel carrega consigo um abismo imenso pela perda da irmã. E ela carrega consigo uma imensa culpa. E quem está ao lado dela percebe que ela não está 100% presente em sua própria vida. A própria Laurel foge de ser ela mesma e pensa que, se ela fosse mais como a irmã, talvez ela pudesse ser feliz apesar de tudo. O luto e a culpa fez com que Laurel calasse fundo os seus sentimentos e começasse a se fragmentar e a idealizar uma imagem de sua irmã mais velha, como se May fosse perfeita e não tivesse problemas, quando era justamente o contrário. 


Ainda que Laurel escrevesse cartas para pessoas mortas e contasse seus segredos, havia o segredo da morte da irmã dela, que nem ali nas cartas ela se atrevia a escrever. E admito que, esse mistério foi um dos motivos que me prendeu nessa leitura. Afinal, o que poderia ter acontecido para deixar Laurel daquele jeito?


Então as coisas vão acontecendo e Laurel chega em um momento em que era impossível lidar com ela mesma sozinha. E, ou ela falava, ou ela sufocava. E ela foi se abrindo em busca de ajuda e se surpreendeu ao saber que as pessoas ao seu redor estavam muito mais prontas a serem sua rede de apoio do que ela supunha. Depois de um longo nas sombras, Laurel começa a enxergar de fato a sua nova vida. Uma vida sem a sua irmã, mas que ainda valia a pena ser vivida. E que ela poderia seguir em frente por elas duas.


Cartas de amor aos mortos é um livro sensível que fala de luto, mas também de auto descoberta, primeiros amores e de achar o seu lugar no mundo. Também nos diz que, se não tivermos um lugar para nós mesmos em nossos corações, nenhum lugar vai ser bom o bastante para ficar.



Vou ficando por aqui e...
até a próxima folks!

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