Autor: Genki Kawamura
Gênero: Ficção/Fantasia
Páginas: 176
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 176
Editora: Bertrand Brasil
Se os gatos desaparecessem do mundo é um romance japonês onde temos um jovem carteiro que acabou de descobrir que tem um câncer terminal no cérebro e lhe restam apenas alguns dias de vida. Ele é sozinho no mundo e tem um gato chamado Repolho, herdado de sua mãe, que falecera quatro anos antes.
E enquanto o protagonista está atordoado, tentando entender o que fazer com o tempo que lhe resta de vida, surge o diabo em pessoa e faz uma proposta: para cada coisa que ele fizesse desaparecer do mundo, ganharia mais um dia de vida. Mas você sabe, né? O diabo tem suas próprias regras, então o acordo não era tão simples quanto parecia no início.
A história se passa ao longo de sete dias, e é contada pelo próprio protagonista, em formato de uma carta a nós leitores.
Esse livro curtinho traz algumas reflexões interessantes. Do que estaríamos dispostos a fazer sumir para conseguir prolongar a nossa vida? No fim das contas, a nossa vida importa tanto assim? E se, algumas coisas, simplesmente, desaparecessem do mundo? Se os relógios desaparecessem? Se os celulares desaparecessem? E se... a gente desaparecesse? E fora as reflexões, esse livro tem outras peculiaridades. O protagonista não tem nome. O nome dele não é citado em momento algum. Nem o nome do seu pai, ou da sua ex-namorada. É como se o personagem se resumisse a sua profissão - Carteiro - e ao fato de ter um gato.
Diante do fim anunciado de sua vida, o protagonista tenta listar 10 coisas que gostaria de fazer antes de morrer e não consegue. Ele quer apenas se manter vivo. Quer viver seus dias de maneira simples e calma ao lado do seu gato. E quando surge o diabo, que tem a mesma aparência do protagonista, mas numa versão completamente oposta (o protagonista se descreve como alguém sem graça, que só veste preto e quer passar o mais despercebido possível, o diabo, apesar de ser idêntico ao protagonista, se veste de maneira extravagante e largada), propondo o trato de fazer as coisas desaparecerem do mundo em troca de ganhar mais um dia de vida, parece um grande negócio. De cara, o rapaz pensa em todas as coisas ruins que podem sumir do mundo: fome, violência, corrupção, doenças. No entanto, não é a pessoa que escolhe o que vai sumir do mundo, e sim o diabo. Ao carteiro cabe apenas aceitar ou não que a coisa escolhida pelo diabo suma mesmo ou não. Se optar por não, o trato é quebrado e o moço morre.
E é assim que, a cada coisa que vai sumindo do mundo, vamos conhecendo pedaços da vida do carteiro. Seu amor por filmes, sua ex-namorada, seu péssimo relacionamento com o pai, a saudade que sentia da mãe. Seu profundo amor por repolho e a sua preocupação por não querer deixá-lo só. E os dias vão passando, até que, o diabo propõe fazer com que os gatos sumam do mundo. E, nesse momento o protagonista precisa fazer uma escolha. Até que ponto, se manter vivo é mais importante do que manter a vida?
Se os gatos desaparecessem do mundo acabou sendo uma leitura muito interessante, mas eu fiquei com sentimentos ambíguos com relação a esse livro. No começo, tive dificuldade em me conectar com o personagem. O fato dele não ter um nome me incomodou. E a história teve um final que considerei em aberto. A minha sensação foi de estar observando por uma janela que foi fechada de repente e eu teria que escolher entre imaginar um final ou simplesmente não concluir nada.
Talvez a proposta dessa leitura não seja chegar a algum lugar, mas absorver as reflexões no meio do caminho. O protagonista sai de uma letargia existencial para uma profunda vontade de viver. Então descobre suas próprias mágoas e quando as entende e parte em buscar de resolvê-las, o livro termina. E na minha cabeça ficaram várias perguntas sem respostas: Ele conseguiu? Ele morreu antes de chegar ao seu destino? Ele viveu? Com quem ficou Repolho, afinal?
Então eu indico essa leitura para quem gosta de leituras reflexivas e não liga para finais abertos.
Vou ficando por aqui e... até a próxima folks!
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