Ep 03: O Retalhador
“Bang bang, eu atirei em você
Bang bang, você caí no chão / Bang bang, aquele som horrível
Bang bang, eu costumava te decepcionar”
Bang Bang (My Baby Shot Me Down) - Nancy
Sinatra
Mulheres e sua crueldade, são tanto
protagonistas como autoras de (histórias sobre) crimes hediondos, então, não é
atoa que o sangue escorre pelas palavras das autoras selecionadas para esse antologia,
e não seria diferente com a escritora Debora Gimenes, que divide conosco um
pouco sobre seu processo criativo do conto O Retalhador.
Eu gosto
muito de assuntos ligados a psicopatas, amo finais drásticos, plot twists, e
principalmente criar cidades fictícias, quase todos os meus contos e textos se
passam em lugares que não existem, me sinto mais livre para descrever um lugar
que está apenas na minha mente, então peguei todos esses elementos, mais alguns
do meu dia a dia, coloquei minha playlist composta de Imagine Dragons, U2,
David Bowie, Épica, Queen e muitos outros, e criei o conto.
Li, reli,
estiquei um cadinho aqui, cortei um pouquinho ali, mandei para a revisão (eu
sempre mando meus textos para outra pessoa revisar, no caso do Retalhador foi a
lindinha da Sílvia Andreotti) e depois para a submissão da Luva.
Eu tinha
esperanças de ser selecionada, pois realmente amei a história, mas não
acreditava muito, pois sabia que estaria concorrendo com uma galera forte, mais
de 100 contos e apenas 15 foram selecionados.
Foi uma
agradável surpresa ouvir meu nome na live que o Tito fez. Fiquei muito feliz e
soltei fogos imaginários, quase perdi a hora na manicure de tanta felicidade
que estava. (Risadas bobas).
Uma
curiosidade sobre meus personagens: todos os principais, sendo eles mocinhos ou
bandidos têm um opala na garagem. Isso se deve ao fato de que meu marido é
opaleiro e há mais de vinte anos temos um diplomata preto 1988 (nosso morcegão);
ou eles têm um Fiat 147 verde, outro carro que fez parte da nossa vida, por
nove anos apenas. (cara de saudade do sherekinho).
Foi assim
que o Retalhador foi criado, espero que os leitores de O Melhor do Crime
Nacional gostem do meu conto tanto ou mais do que eu. Afinal cada texto é um
filho para o autor que o escreveu."
Trechinho do conto da Debora:
“São sete horas da
manhã, e o sol brilha em mais um lindo dia de outono. Bom dia meus ouvintes sou
Rodrigo Vanilla e esse é o seu Bom dia Guarassuara.”
Maxell herdara o opala preto do pai há dez anos. Mandara
reformá-lo, instalou um kit de som de primeira linha e vez ou outra deixava o
Tucson na garagem a fim de ir trabalhar com o dinossauro, apelido carinhoso que
a esposa Danielle havia dado ao carro.
Guarassuara era um município vizinho a São Paulo, ficava no
extremo leste da metrópole e estava entre as cidades mais perigosas do Estado.
Todos os dias, exceto aos fins de semanas e feriados, o jovem operário saía de
seu bairro cedo e dirigia até a cidade de Guarulhos, o trajeto normalmente
levava menos de uma hora, mas aquele dia o trânsito estava particularmente
terrível.
— Temos notícias do crime cometido essa madrugada Cristiane
Passarinho? – Aquela notícia estava sendo repetida desde o raiar do dia.
— Bom dia, Rodrigo. Bom dia, Guarassuarenses. Foi um crime
terrível meus amigos, um jovem de vinte anos foi brutalmente atacado e morto no
ponto de ônibus próximo à Universidade Estadual de Guarassuara. Segundo a
polícia, a vítima foi retalhada por uma navalha, estilete ou bisturi, antes de
ter a garganta cortada.”
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