Autor: Victor Lopes
Plataforma: kindle
Publicação Independente
Jonhy e Nicholas tem 16 anos, moram na mesma cidade e se encontram por puro acaso: Nicholas é primo da melhor amiga de Jonhy e foi numa pizzaria aleatória, numa noite aleatória, numa cidade por aí que eles se encontraram. E assim começou a história de amor de “Quero andar de mãos dadas”.
Um YA delicado, dramático e envolvente. Mas vamos lá, que
tem muita coisa pra rolar nessa resenha ainda!
Desde o inicio, recebemos a informação: Jonhy é um garoto
que busca esconder suas dores atrás de seu semblante alegre e de um nada
verdadeiro “eterno bom humor”. Do outro lado temos Nicholas, o garoto perfeito,
exemplar, amado e admirado por todos, mas que carrega um peso no peito tão
imenso, que só consegue ver a si mesmo e a sua vida como uma grande mentira.
Jonhy é um adolescente gay, assumido, com uma família problemática. Nicholas é um adolescente gay não assumido e
isso o vem destruindo, mesmo que a sua família seja perfeita como um comercial
de suco.
Eu poderia até dizer que o maior conflito da história seria a questão do Nicholas assumir sua orientação sexual, seu amor pelo Jonhy e enfrentar o que tivesse para enfrentar. Mas as coisas, assim como na vida, são um pouco mais complicadas. Nicholas é um exemplo de que nós somos o nosso maior inimigo e que uma das experiências mais frustrantes na vida é tentar salvar as pessoas delas mesmas.
Apesar de toda a pressão psicologica e toda carga dramática
pelas quais os protagonistas passam, a descoberta do primeiro amor foi tratada
com tanta delicadeza, que virou quase uma poesia, sabe? Quem nunca ficou horas
trocando mensagens com o crush e teve que tomar coragem para se declarar? E
quando a gente tem que ser mais que um namorado para entender o outro?
Quero andar de mãos dadas fala sobre preconceito, superação,
depressão, primeiro amor, auto descoberta, e principalmente, sobre empatia: Não
importa qual sua orientação sexual, sua cor, sua religião, posição financeira
ou social. No final, somos todos humanos. É fácil apontar o dedo para os outros
quando ignoramos totalmente os desafios e demônios internos de cada um. Então
essa leitura me impactou de diversas formas positivas.
A Narrativa é em primeira pessoa, revezando entre os
protagonistas, nos dando a oportunidade de, por alguns instantes, estar na pele
deles e compreender suas dores, ansiedade e aflições.
Outro ponto importante desse livro: Diversidade. Às vezes a
gente ouve tanto uma palavra, que ela se torna quase um objeto, mais uma coisa
que está compondo um cenário. E quando pegamos um material que mostra a
diversidade ao invés de simplesmente citá-la, é algo realmente gratificante e
dá vontade de abraçar o autor e dizer: obrigada. Obrigada por não deixar de publicar, por ser autor independente e mostrar que ainda tem muita coisa boa não explorada pelas editoras.
Como se trata do livro de estreia do autor, confesso que
comecei a leitura um pouco com o pé atrás, e sim, existem pequenas coisas no
texto que precisam ser melhoradas, como
a ambientação da cidade onde se passa a história (embora eu ache que isso tenha
sido proposital. O lugar onde a história se passa pode mesmo, de verdade, ser
qualquer um), e no início, as vozes dos protagonistas se confundem um pouco.
Mas depois que conhecemos cada um, o livro engrena, tornando Jonhy e Nicholas praticamente
físicos. No saldo final, esses detalhes não comprometem a qualidade do trabalho
nem o envolvimento com a leitura.
E mesmo tendo amado o livro, os personagens sofrem bastante
e isso me machucou um pouco. Acredito que as pessoas tenham direito à
felicidade e sobre tudo, de serem elas mesmas. Então ainda sinto falta de
materiais LGBT com mais alegria e menos dor: finais felizes foram escritos para
todos.
Leitura recomendada para quem curte YA, temática LGBT e para
quem, no final das contas, gosta de ler uma boa história.
Por enquanto, "Quero andar de mãos dadas" está disponível apenas na versão e-book e pode ser comprado na Amazon.
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