Autor: Felipe Saraiça
Editora: PenDragon
Gênero: Young Adult/ Fantasia
Páginas: 192 páginas
Editora: PenDragon
Gênero: Young Adult/ Fantasia
Páginas: 192 páginas
Já fazia um bom tempo que eu namorava esse título. Então, na bienal do
Rio ano passado, consegui trazê-lo comigo. Lá mesmo, ainda no estande, ao abrir
a primeira página, eu sabia que Para onde vão os suicidas? não
seria apenas mais um livro, ele ia me levar para um lugar que só os livros especiais
são capazes de nos levar: para um lugar bem fundo, aqui, dentro de mim.
Em “Para onde vão os suicidas?” temos uma capa linda e misteriosa que
nos convida a conhecer o coração de Angelina, uma garota que, antes de se
despedir de vez da vida, precisa cumprir uma missão: salvar outros suicidas de
si mesmos.
O livro começa nos apresentando a protagonista e de imediato percebemos
uma narrativa intimista, delicada e profunda. Conhecemos os seus motivos para
cometer suicídio, sua dor silenciosa e a consciência de que somente por fim à
própria vida lhe traria paz.
Ao entrar em coma, a alma de Angelina encontra com Ixtab, a Deusa dos
Suicidas. Ela recebe um papel com os nomes das pessoas que precisa salvar. Como
ela se encontrava num estado imaterial, apenas os suicidas conseguiriam vê-la.
E cada pessoa que surge na história é um novo mergulho, um novo coração,
uma nova dor. A proposta não é julgar, mas se identificar para poder compreender
cada um deles. Todos carregamos dores que não demonstramos. Cada um nós levamos
cicatrizes no coração, algumas mais fáceis de se deixar para trás e outras nem
tanto.
Sabe aquele livro que planta uma sementinha na gente?
Para onde vão os suicidas? planta a sementinha da empatia, do olhar de
cuidado ao próximo e do respeito ao outro onde quer que a gente vá. E isso vai
de encontro ao que sempre acreditei na magia da leitura: os livros podem nos ensinar
a sermos pessoas melhores dentro de nossa própria imperfeição.
Essa é uma das leituras que ganharam um espacinho especial no meu
coração de leitora. Falar sobre suicídio com a delicadeza de quem já caminhou
por essas estradas tortuosas, fazer de um tema triste e muitas vezes ainda
tabu, se tornar uma história tão especial não é, nem de longe e nem perto, uma
tarefa simples. E mesmo com um desafio tão grande, o autor superou e muito as
minhas expectativas sobre o livro. Apesar do tema denso, Felipe nos prova que
com respeito e delicadeza, é possível falarmos sobre tudo, até mesmo sobre suicídio.
Leitura super indicada para quem gosta de fantasia, de histórias que apesar
de bonitas, levam em si aquele quê de tristeza que torna tudo belo, como numa
foto antiga em preto em branco.
Vou ficando por aqui, e... até a próxima, folks!