Ep. 01: Ópera, uma Pétala de Flor
“Temos a arte para não morrer da verdade.”
Friedrich Nietzsche
Cada dia o interesse por histórias de crime,
investigação policial, mistérios e serrial killers, aumenta entre os
brasileiros, e podemos imaginar os motivos para nosso recente apego por esse
gênero, afinal, a arte é respiro e também espelho de nosso tempo e do que mais
vemos em nosso cotidiano. Mas não são apenas as séries e filmes que caíram na
nossa graça, a literatura segue cada vez mais venturosa, somando apaixonados
por um belo cenário Noir.
Então, não é atoa que a proposta da antologia
O Melhor do Crime Nacional, organizada por Tito Prates e o Vitto Graziano
(editor da Luva) recebeu mais de 100 contos, tornando árdua e muito prazerosa a
tarefa de escolher 15 histórias para formar o time junto ao organizador Tito e
aos convidados Wellington Budim e Paula Bajer.
Agora, o projeto encontra-se no Catarse, para
que além de um livro incrível, os leitores também recebam mimos que vão de um
caderno com couro sintético (com porta esferográfica e 80 folhas pautadas no
formato A6), bolachas de chopp bem sanguinárias e até um postal fofo e
brincalhão, com inspiração na máfia italiana.
No projeto gráfico, além de uma ficha de
escritores digna de uma investigação policial, o livro contará com desenhos
para cada conto ao estilo "sin city", onde a ilustradora foi buscar
inspiração.
Nós já falamos um pouco desse projeto no post "5 livros para apoiar até setembro!" , e agora temos a honra de participar da maratona de posts com conteúdo exclusivo para os blogs parceiros! A ideia é mergulhar fundo na proposta de " O Melhor do Crime Nacional".
E para começar, com vocês, o primeiro relato
sobre um crime cometido, digo, escrito, onde o escritor Humberto Faria Lima,
nos coloca por dentro do processo de escrita de seu conto Ópera - Uma Pétala de Orquídea:
“Quando falamos de contos, a primeira coisa a surgir é uma
ideia e ideias são coisas poderosas.
Você sabe que uma ideia é boa quando algo dentro do seu
íntimo vibra e você se pega pensando incessantemente nessa ideia. Logo surgem
de maneira desconexa (pelo menos no meu caso), detalhes da história que vão se
encaixando até fazer sentido.
Para mim, esses detalhes surgem como cenas de um filme.
Literalmente eu vejo tudo que escrevo por mais horrível que seja.
Mas vai além disso.
Não é só a narração crua de algo observado. Existe todo um trabalho de pesquisa para dar
profundidade ao personagem, local e tempo histórico onde ele está inserido.
Meu conto se passa na São Paulo da década de 30, no contexto
da República do Café com Leite, então li os principais fatos que aconteceram no período para compor a
história. Tipos de roupas, veículos,
bebidas, cigarros, a maneira como a mulher era tratada, tudo isso entra para
enriquecer o conto.
Outra coisa que gosto muito em meus contos é de causar um
clímax, onde pretendo surpreender as
pessoas pelo inusitado ou horrível.
Escrever é dançar com as palavras e usar o termo certo no
lugar certo de maneira a hipnotizar o leitor, é um jogo de equilíbrio delicado,
um xadrez onde você sabe suas peças, mas não conhece as do outro lado.
Escrever é libertador e todo autor quer ser lido."
Trecho do Conto – Ópera, uma Pétala de Orquídea
- Eu não acho adequado uma mulher fazer o tipo de trabalho
que deve ser de um homem.
O coronel tirou um maço de cigarros feitos a mão e puxou um,
acendendo-o com uma pederneira de prata. Olhou a matrona bem no fundo dos olhos
antes de responder.
- Dona Maria Augustina de Cavalcanti, Magdalena é um
detetive de capacidades impressionantes. Ela tem um tipo de memória que poucos
possuem, grava cada detalhe do que foi visto, chegando a conclusões
impressionantes!
Dito isso, ele chamou a moça de cabelo loiro bem cuidado.
- Por favor detetive! Faça uma análise do casal Cavalcanti!
A jovem olhou para os dois por alguns segundos e se voltou
para o chefe com um olhar carregado de desespero.
- Posso transmitir minhas impressões apenas ao senhor,
coronel Alvares?
Ele foi categórico.
- Não! Fale para que todos ouçam.
Gostou? Para apoiar o projeto no catarse e
garantir que esse livro ganhe vida acesse:
https://www.catarse.me/crimenacional
Para saber mais sobre o autor, acesse: https://web.facebook.com/humberto.fariadelima
Vou ficando por aqui, e...
Até a próxima, folks!
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