Gênero: Ficção, terror psicológico
Páginas: 156
Editora: Estronho
Nihil é um conceito. Uma passagem. Fragmentos de humanos desumanos. Viu só? Nihil mexe com a cabeça da gente, e antes que eu continue brisando, melhor começar essa resenha.
Já escrevi aqui no blog, sobre as minhas primeiras impressões sobre esse livro. Naquela época eu tive acesso à degustação da obra, e hoje volto para contar como foi ler Nihil inteirinho, de ponta a ponta. Como foi essa coisa de "sobreviver à névoa."
Em Nihil, uma névoa tóxica se espalhou pelas grandes metrópoles (embora pareça que está no mundo inteiro, mas não dá para ter certeza). As pessoas tiveram que se trancar em suas casas, estocar comida e vedar muito bem as portas e janelas. Quem se arriscasse na névoa poderia perder partes do corpo ou, na melhor das hipóteses, morrer bem rápido.
Então, aos poucos, a energia elétrica acabou. E a água. E as pessoas tiveram que aprender a continuar vivas consigo mesmas e muitas delas, para não enlouquecerem, escrevem cartas. A história vai sendo contada por diversos personagens. Cada um tem um capítulo para si. É quase como se cada capítulo fosse um conto. E todos em primeira pessoa.
Viajar nas diversas psiques de Nihil vai nos afastando da pergunta inicial: de onde veio essa névoa? E a gente constata que a causa já não é tão importante. O que vale é como faremos para continuar vivos. Ou melhor, o que vale, é descobrir se queremos continuar vivos.
Uma das coisas que achei extremamente interessante na linguagem que a escritora usou, é que, cada "conto" é quase como um "ato". Uma cena de teatro. Os diálogos são incríveis: inteligentes, intrigantes e persuasivos. Aliás, tem capítulos inteiros só com diálogos.
Entre as várias passagens que passeiam entre o onírico e o mórbido, um dos meus trechos favoritos é o relato de uma senhora que se isolou da névoa com seus quatro netos... é uma coisa insólita, e eu fiquei uns minutinhos olhando para o nada, tentando entender o que tinha lido.
A construção de Nihil é fragmentada: cartas, diálogos, poesias e ilustrações. E muitas reflexões. Um Prato cheio e fundo para quem adora uma obra que consegue trilhar um caminho com várias pernas diferentes e ainda assim chegar lá. O tom da narrativa me lembrou muito Sinal e Ruído. Ou, o caos que ficou na minha cabeça, foi quase o mesmo que a HQ do Neil Gaiman me deixou.
O livro é super fininho e dá para ler de uma tacada só. Mas eu não fiz isso. Li o mais vagarosamente que pude. Nihil tem uma loucura que vicia e eu quis estender essa experiência ao máximo. Em parte porque eu sou extremamente impressionável e medrosa e em parte porque a escrita da Carol é para ser absorvida aos poucos, como doses homeopáticas de pensamentos aleatórios.
Foto que peguei no instagram da autora. |
Leitura super recomendada para quem curte leituras catárticas, terror psicológico e suspense.
Estou super curiosa para conhecer Dias de Chuva, da mesma autora!
Vou ficando por aqui e até a próxima, folks!
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