Autor: Walter Tierno
Gênero: Romance
Páginas: 308
Editora: Verus Editora
Páginas: 308
Editora: Verus Editora
Em Como Tatuagem nós conhecemos
Arthur, um filhinho de papai, machista e sem noção. Um verdadeiro cruzamento
entre o ser humano mimado e a estupidez. Também conhecemos Lúcia, uma
fisioterapeuta que apesar de nova é super competente e cresceu tendo de lidar
com o preconceito de alguém que é portador de vitiligo.
Arthur perdeu as pernas num
acidente de carro e se recusa a receber tratamento, a acordar de novo para uma
vida que traria muito mais desafios do que no seu passado de atleta de taekwondo. Isso começa a mudar quando ele conhece
Lúcia, que o confronta de maneira honesta e mostra que não, ele não é o último
biscoito de polvilho do pacote, mas mesmo assim a vida continua, com ou sem as
pernas.
Óbvio que eles se envolvem e mergulham
nessa coisa estranha que é mostrar o seu melhor e pior lado para alguém e torce
para a outra pessoa não sair correndo quando você mostrar que não é essa
coca-cola toda (se não fosse assim, não seria um romance, seria?).
No entanto, não foi a história que me
chamou atenção nesse livro, tão pouco os dilemas de cada personagem, mas a
forma como cada um vai se (des)construindo ao longo do livro. Athur e Lúcia são
quase reais: uma colcha de ecos de tudo o que forma um ser humano. E isso não
se resume aos personagens centrais, cada nova pessoa que surge tem aquele ponto
que nos reflete, ou nos lembra alguém muito próximo.
A narrativa é fluída, um passeio pelas
mentes de Arthur e Lúcia, que se revezam entre os capítulos, contando a
história em primeira pessoa. É muito interessante ver o desenrolar das coisas
pelos olhos dos dois. Isso me fez
lembrar que eu já tentei ler um livro com essa construção antes (e foi uma das
piores coisas que eu já tentei fazer na vida em matéria de leitura); e fiquei
de pé atrás quando percebi que Como Tatuagem teria esse formato. Mas então eu
respirei fundo e matutei com meus botões:
“Foi o Walter quem escreveu esse
aqui. O cara que escreveu Cira e Anardeus. Continua, você sabe que ele não é de
fazer lambança.” E o resultado foi que, Como Tatuagem foi um dos melhores
livros que li em 2016. Sem puxa-saquismo, demagogia ou qualquer outra palavra
que exista para descrever falsidade.
Leitura super indicada para quem curte
romance, personagens bem construídos e boa narrativa, e para quem adora
histórias que engolem o leitor. Afinal, tem livros que a gente devora e livros
que devoram a gente. Bom, Como Tatuagem está mais para a segunda opção e vai
bem além do envolvimento afetivo entre dois personagens: fala de preconceito,
auto aceitação, força de vontade, determinação e superação.
Como Tatuagem é aconchegante,
áspero e trágico, assim como é a nossa vida aqui fora, mas com aquela mensagem
intangível de esperança: não importa o que aconteça é você quem escreve o seu
final.
Até a próxima! ;)
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