Autor: Walter Tierno
Gênero: Fantasia urbana, Romance
Gênero: Fantasia urbana, Romance
Páginas: 181
Editora: Giz Editorial
O
livro é narrado em primeira pessoa. A pessoa de Anardeus. Mas conforme os
capítulos vão avançando, conhecemos Isabel por ela mesma e um outro personagem,
o Fotógrafo (não necessariamente nessa ordem). Isso mesmo, fotógrafo com F maiúsculo,
porque eu nunca lembro o nome dele e ficou marcado assim em minha memória.
Anardeus
é um cara extremamente feio e que sente muito, muito frio não importa o quão
quente esteja, sempre anda por aí vestido com muitas camadas de roupa da cabeça
aos pés. Ele tem uma irmã gêmea que é seu extremo oposto em muitos aspectos,
alguns inclusive, são revelados apenas perto do fim do livro.
O subtítulo “ No calor da destruição” não é apenas uma alegoria chamativa. Anardeus só sente calor quando presencia desastres. E assim como uma droga precisa de quantidades cada vez maiores para surtir efeito, Anardeus precisará de desastres cada vez maiores para se manter aquecido. E é dessa maneira que São Paulo encontrará um apocalipse digno dos filmes de fim do mundo. Genial.
A
história vai se desenvolvendo numa viagem inconstante entre passado
e presente de uma forma muito dinâmica, sem marcações precisas.
Antes
de chegar à vigésima página, me senti a vontade com o formato de roteiro do
livro.
Anardeus inteiro é bem teatral, não só no seu formato, mas em como os
personagens são explorados e também na forma como as cenas se montam e desenham.
Simplesmente
pirei nas ilustrações e no projeto gráfico do livro, desenvolvidos pelo próprio
autor.
Um
romance de apenas 181 páginas extremamente bem escrito, com o tanto certo de
informação para o leitor saber onde está e mesmo assim continuar andando.
Anardeus
é o segundo livro do escritor Walter Tierno (de quem eu sou fã e isso não é
segredo para ninguém) e é uma leitura que por mais que eu tenha feito pelos
menos umas três vezes, nunca soube como fazer uma resenha dele. Até agora.
Primeiro
porque as palavras faltam e sobram apenas o palavrões.
Segundo
porque a viagem desse livro é tão intensa que toda vez que eu leio, demoro uns
dias para voltar. Sim, a história é chocante sob diversos pontos de vista.
Terceiro:
os acontecimentos desenvolvidos na narrativa se entrelaçam e costuram os nós
num cenário de caos, destruição e amoralidade.
E
depois de tudo isso vem a pergunta inevitável: Nossa Dany, e você gosta desse
livro mesmo assim?
Claro
ué! Anardeus é chocante, cáustico, cru. Uma metralhadora destruidora de
conceitos. E livro bom é assim: ele tem que te arrancar do óbvio, te
confrontar. Arrancar de si uma sensação, um choque. Te levar para a beira do
abismo e te fazer se perguntar, questionar o mundo e as regras. Te fazer
pensar.
Fecho
essa resenha com a frase final do texto de contra-capa do livro:
“(...)
Um romance sem rótulo ou lugar-comum, para ler e sentir tudo ― menos
indiferença.”
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