Autor: Helene Wecker
Gênero: Fantasia / Fantasia Urbana | realidade fantástica
Páginas: 514
Editora: DarkSide Books
Gênero: Fantasia / Fantasia Urbana | realidade fantástica
Páginas: 514
Editora: DarkSide Books
Golem
e o Gênio conta a história de uma mulher feita de barro e de um Djin (um ser do
elemento fogo) que chegam à cidade de Nova Iorque no começo do séc. XX depois
de uma longa viagem. Quero dizer, uma viagem de uma semana para a Golem e de
mil anos para o Djim.
Inicialmente,
o que se passa com cada um é contado em capítulos paralelos até que, lá pelo capítulo
XI eles finalmente se encontram. E essa passagem é marcada com um tipo de
lirismo e muita cautela por parte dos dois protagonistas.
Logo
de cara, sabemos quem é a Golem, para o que foi criada e acompanhamos o seu
desenvolvimento até ela finalmente receber um nome: Chava. Quanto ao Djim, que
recebe o nome de Ahmad, há toda uma cortina de mistério, já que ele não lembra
como foi parar em uma garrafa. E as peças para esse quebra cabeça vão se
montando ao longo de 29 capítulos + Epílogo.
O
livro é um verdadeiro passeio de época por Nova Iorque, levando o olhar para as
periferias pobres de imigrantes árabes e judeus.
O
desenrolar do relacionamento entre Chava e Ahmad é cheio de nuances e pontos
delicados de equilíbrio, postos à prova praticamente todo o tempo. A natureza
de ambos é extremamente distinta: Ela é inocente, recatada, conformista,
responsável e cautelosa na mesma medida em que ele é impulsivo, irresponsável
inconsequente, passional e impetuoso.
O
que achei de mais encantador nesse livro é o paradoxo enterrado nos
protagonistas: eles são assustadoramente fortes, capazes de coisas incríveis e
ao mesmo tempo extremamente frágeis e dependentes, tentando encontrar um espaço
no mundo em que despertaram.
Não
há cenas de ação intensas, o livro todo é uma teia de pequenos acontecimentos
intricados. Uma pequena falha e logo tudo é posto a perder, assim como na vida
real.
O
drama se desenrola no cotidiano dos protagonistas e em como eles constroem seus
relacionamentos com as pessoas ao redor. A sim, ia me esquecendo de comentar a
quantidade absurda de personagens satélites nessa história. São todos muito bem
desenvolvidos, e ganhando cada um,
descrições longas de chateantes. Sério, eu não precisava saber como um
ifrit foi parar na cabeça de Saleh Sorvete mas em fim...
A cada novo personagem que aparecia, eu
levantava a sobrancelha e fazia bico. “Quero só ver como essa escritora vai dar
uma função para todo mundo no final”. Para minha surpresa, sim, Helene Wecker
consegue usar todo mundo no final, mostrando como cada um daqueles personagens
apresentados tinham algo para contribuir com o desfecho.
Mas
nem tudo são flores e foi impossível ignorar os momentos em que a narrativa se
arrastou. Encontrei várias palavras grafadas erradas, erros de concordância e
pelo o que me lembro, apenas um pastel (quando duas palavras estão juntas na
impressão, sem espaço entre elas), sem contar o tempo verbal indeciso: ora no
passado, ora no presente. Apesar disso, achei a tradução bem competente e mesmo
que a revisão tenha falhado, para um livro volumoso como esse a quantidade de
erros que encontrei são até “passáveis”.
Ainda
achei que alguns personagens foram mal aproveitados, como Michel Levy e Saleh
Sorvete. Aliás, Michel Levy não foi só mal aproveitado como também se tornou
uma decepção para mim. Eu esperava mais dele. sério. Mesmo.
Há
um local que é citado pelo menos umas 4 vezes e — nem preciso dizer que ele
está na capa do livro, né? — pelo foco que esse lugar recebeu, imaginei que
algo fosse acontecer lá. Só que não. Pelo visto era só um lugar que o Ahmad
achava legal e fim. Tive que me conformar com isso. Tisc.
Leitura
recomendada para quem curte romance de época, fantasia urbana e realidade fantástica
e para quem adora colecionar livros também. Essa edição que a DarkSide produziu
está lindíssima, com capa dura, aplicação em dourado, ilustrações e fita de
cetim para marcar as páginas. Um absurdo de lindo.
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