Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Gênero: Dizem que é literatura infanto juvenil. Discordo.
Páginas: 158
Páginas: 158
Editora: Geração Editorial
Sim, esse post fala exatamente
sobre o título. Não acho que seja uma resenha, mas poderia ser.
Li O Pequeno Príncipe e posso
afirmar que não é um livro para crianças.
Pois crianças ainda sabem como é
ser criança. E nós, os responsáveis adultos, esquecemos como sê-lo. Logo, este
livro é um tratado para adultos que não querem deixar sua criança interior
morrer. Ou para aqueles que esqueceram o que é ver o mundo com os olhos
simples. Com os olhos de contemplação.
Não, O Pequeno Príncipe não é um
livro para crianças. Um livro infantil não me deixaria em uma baita crise
existencial. Não foi uma crise do tipo “de onde vim e para onde vou.” Foi uma
crise estilo: “Óh céus, Que porcaria de adulto me tornei?” Ao me perguntar isso, lembrei de imediato dos
arquétipos perfeitamente adultos do livro, aqueles humanos esquisitos que
habitavam os asteroides visitados pelo Pequeno Príncipe antes de chegar à
Terra.
Um pouco decepcionada, constatei
que tenho um pouco de todos eles. Mas o que mais me doeu foi lembrar que há um
tempão eu deixei de enxergar o essencial. Deixei de ver com o coração para ver
com os olhos.
Você deve estar se perguntando,
que biscoitinhos verdes mágicos eu cheirei antes de ler esse livro. Garanto que
nenhum. Não consumi nada alucinógeno. Eu só... Eu só li sem reservas e sem pré-
conceitos. Eu só li e deixei um garotinho loiro me guiar pelo deserto, me
contando suas aventuras. Aventuras profundas demais para um menino tão novinho.
Um menino com a sabedoria de um ermitão.
Contar a história de um dos
livros mais traduzidos do mundo parece muito com chover no molhado, mas talvez
você, assim como eu, tenha chegado à fase adulta sem tê-lo conhecido.
Um piloto cai no deserto e
enquanto tenta consertar seu avião, acaba conhecendo um garotinho loiro e frágil,
chamado de Pequeno Príncipe. O Piloto no inicio é apenas um adulto, que não
quer dar trela para uma criança. Mas aos poucos ele começa a lembrar como era
ver o mundo como um lugar grande o suficiente para se surpreender. Um lugar que
pode ter um milhão de rosas iguais, e mesmo assim, nenhuma delas será como a
tua rosa.
E assim, numa obra
existencialista, cheia de significados sutis — criada com referências da vida conturbada do autor francês — é que me vi
naquele silêncio de ter descoberto que ainda havia uma Dany criança de óculos
enormes em algum lugar dentro de mim.
O Pequeno Príncipe não é só
um manual de como ver o mundo como uma criança. É uma viagem sublime para quem
deseja voar um pouco mais alto. Voar mais alto sobre si mesmo. Eu poderia passar linhas e mais
linhas divagando a respeito dessa leitura. Mas não é necessário. Assim como também não é preciso provar uma coisa que só pode ser entendida através da experimentação. Para entender o que digo sobre o Pequeno Príncipe é
preciso lê-lo.
O Pequeno príncipe não é um livro
que se possa conhecer apenas pelas suas famosas citações. Engraçado que, mesmo
reconhecendo as lindas citações durante a leitura, pude escolher minhas outras
frases e trechos do livro, para chamar de favoritos. E esse aqui faço questão
de dividir:
Este também não é um livro que se
possa conhecer através do filme recente. O Pequeno Príncipe não é um livro que
se possa resenhar. Ele apenas deve ser lido, simples assim.
Voltando um pouco ao planeta
Terra, e me atendo a detalhes mais técnicos por assim dizer, essa edição de
capa dura da Geração Editorial está lindíssima. Talvez um tanto colorida demais
para o meu gosto, mas ainda assim, lindíssima. No final do livro, há um caderno
com a biografia de Saint- Exupéry, um aviador francês de espírito indomável.
Adoro livros que me tiram do
lugar comum, que me jogam em reflexões. Que me dão ideias e acendem fogueiras
no espírito.
Até a próxima folks!
Um comentário:
Obrigada pelo texto. Eu não sei desde quando resolveram que O Pequeno Principe seria literatura infanto juvenil. Quando eu era mocinha, nos anos sessenta, todo mundo sabia que era, principalmente, para adultos. Agora mudaram...
E penso que a mudança veio de pessoas que nem mesmo conhecem o livro. Não é possível ler o livro sem perceber tudo isso aí que você tão bem descreveu.
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