Autor: Max Mallmann
Gênero: Ficção, Romance histórico
Páginas: 52
Páginas: 52
Editora: Aquário Editorial
Tomai
e Bebei é um conto sobre um padre de pouca fé. Um padre que conta sua história
por ele mesmo.
Numa
noite de chuva apocalíptica, o padre meio bêbado, meio dormindo, meio acordado,
meio cínico, meio tudo (o personagem deixa claro que nunca conseguiu ser
inteiro em nada na vida) recebe a visita do Bispo de Alcantis e de seu
aterrorizante criado: um anão mal encarado e mudo. E então, o lugar miúdo que é
cenário do conto, começa a ferver.
Assassinatos
misteriosos deixam a pacata população da aldeia em polvorosa, e o protagonista
— O Padre — se vê diante de um desafio para sua fé, que não é assim, uma
montanha muito firme. Detalhe: Em momento algum o nome do pároco é mencionado.
Ilustração de abertura do livreto. |
O
texto é simples e temos acesso à mente irônica do protagonista, ao mesmo tempo em
que enxergamos muito bem como ele vê os outros personagens.
Tomai
e Bebei é uma leitura que não falta nem sobra: não temos detalhes demais, nem
de menos. O que precisa ser descrito é feito sem frescura e mesmo assim,
consegue ser imersivo na medida em que o livreto se permite: é um ótimo passa
tempo e dá para ser lido numa tomada só.
Gosto
de ler coisas que me fazem pensar: poxa, ainda bem que trouxe isso comigo! E sem
dúvidas, Tomai e Bebei me fez pensar assim, além de me entreter com outros
detalhes: a diagramação que mantém “As irregularidades tipográficas do relato
original” e as ilustrações.
De
fato, achei esse penny dreadful nacional um mimo, daquelas coisas que dá
vontade de colecionar e ler para os amigos num sarau improvisado. Sei lá, acho
que o espírito boêmio do Padre Sem Nome me contaminou um pouco, hehehe.
Estevão é super gente boa e foi muito bacana poder bater um papo com ele. :D |
Em
minha ignorância literária, sempre achei que Penny Dreadful fosse só o nome de
um seriado. Só que não. Aprendi o que era esse tipo de publicação quando
visitei o estande da Aquário Editorial na bienal do Rio, ano passado.
Com toda a paciência do mundo, Estevão Ribeiro, o ilustrador de Tomai e Bebei, me explicou a origem desse nome: penny dreadfuls eram publicações de ficção e terror que costumavam ser vendidas por um centavo (um penny) na Inglaterra entre o fim do século 18 e início do século 19. Por serem publicações feitas em material barato e custarem apenas umas moedinhas, ficaram conhecidas como "centavos do terror" (claro que para formular esse post de um jeito decente eu dei uma pesquisada na internetez - o que não muda o fato do Estevão ter me dado uma aula super prática de história XD ).
Os penny dreadfuls, costumavam ter uma diagramação de traços próprios: às vezes os tipos (as letras) saiam do lugar na prensa, causando pequenos defeitos na impressão. E em Tomai e Bebei, publicado em pleno século XXI, esses mesmos defeitos foram inseridos no projeto experimental como um recurso gráfico, para definir a identidade de um penny dreadful atual.
Enfim, depois de tudo isso, só posso dizer uma coisa: Leitura recomendada!
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