Paralelos

em quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Autor: Leonardo Alckmin
Gênero: Romance, Ficção
Páginas: 431
Editora: Geração Editorial

O enredo do livro começa logo de cara com Alexandre acordando depois de morrer. Alexandre é um garoto de 17 anos que não devia ter morrido. Um erro no sistema cósmico que determina quem morre e quem continua vivo.

Ao mesmo tempo, e pelo mesmo erro, o irmão gêmeo de Alexandre, permanece vivo, quando na verdade deveria ter morrido. Imagine uma pessoa que continua viva, mas não tem mais direito à vida. Pelo menos, não aqui, nessa dimensão.

Esse “erro” cósmico, pode desencadear o fim de todo o sistema vivo que se conhece. E na dimensão dos “mortos”, Alexandre vai passar por perigos e treinamentos intensos para salvar seu irmão da inexistência, enquanto Quenom e Conselheiro (dois personagens de outra dimensão) quebram cabeça para saber o que devem fazer para resolver essa falha no sistema e que quebra salvar todo mundo.


Enquanto temos o desenvolvimento dos acontecimentos com Alexandre, acompanhamos o drama de Gílson, um “tio” dos rapazes, que se vê no meio dessa confusão e justo ele, que se acha tão inepto, terá que cuidar de Vitor e Noêmia, a mãe dos garotos, que sofre um choque tremendo com a morte de um dos filhos.

Os personagens são bem construídos e a carga de drama do livro é bem delineada. Talvez pela formação do autor do livro ser de teatro, a maior parte dos diálogos me lembram cenas de teatro mesmo, com trejeitos dos personagens e detalhes que só seriam possíveis de capitar se estivéssemos assistindo a cena, e que, mesmo assim, conseguimos absorver com a leitura.

O livro traz conceitos interessantes sobre a vida e a morte, e nos apresenta a ideia dos “paralelos”, pessoas que, ao desencarnarem tornam-se seres guardadores dos que permanecem vivos.
Há ainda, a presença de vários capítulos que procuram explicar conceitos de física quântica, e outras tecnicalidades que, tornaram a leitura do livro maçante. Não desisti da leitura pois queria saber o que aconteceria com os irmãos e com o universo retratado.

No entanto, tive a sensação de que, quando todos os conceitos foram passados, a história se perdeu. Houveram tantas explicações sobre a origem do universo, sobre a origem de deus  e da vida, que acabaram esquecidas algumas explicações da próprio romance. Por exemplo, a mãe dos rapazes entra num estado de alerta geral e quase catatônico com a morte de Alexandre e começa bater na tecla de que o filho está em perigo. E, realmente, na dimensão onde ele foi parar, estava correndo contra o tempo. Só que, ela esquece completamente que tem um outro filho, o Vítor.

O livro termina sem explicar o motivo da mãe ter esquecido do filho. O livro termina sem dizer o que houve com Gílson, Noêmia e Beatriz (uma das personagens mais irritantes do romance). Bem, tudo fica subentendido, mas mesmo assim, ficou a sensação de que algo faltou, sabe?

Outra coisa que considero uma ponta solta na história, é que não houve explicação da empatia quase exagerada de Ihmar (uma receptora) por Alexandre. Ela fica extremamente abatida quando ele cumpre sua missão e fim. Não há um desfecho para ela.

Houve um detalhe na narrativa que me incomodou, e não consegui detectar se houve algum intuito do autor no uso desse recurso. O livro começa com a narrativa em primeira pessoa, do personagem Alexandre. Por existirem vários pontos de vista e mais de um cenário, os capítulos que não falavam de Alexandre estavam em terceira pessoa. Até aí, tudo bem. Mas na terceira parte do livro em diante, mesmo quando são os capítulos do Alexandre, a narrativa continua em terceira pessoa. Foi como se o personagem tivesse se dissolvido na trama.

Paralelos é um livro muito rico, mas imagino que os conceitos que ele traz poderiam ser ainda mais simplificados e fechar melhor os arcos das histórias dos personagens. No entanto, os personagens são bem desenvolvidos e a narrativa nos faz ter naturalmente empatia por eles.

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