Autor: Leonardo Alckmin
Gênero: Romance, Ficção
Páginas: 431
Páginas: 431
Editora: Geração Editorial
O enredo do livro começa logo de
cara com Alexandre acordando depois de morrer. Alexandre é um garoto de 17 anos
que não devia ter morrido. Um erro no sistema cósmico que determina quem morre
e quem continua vivo.
Ao mesmo tempo, e pelo mesmo
erro, o irmão gêmeo de Alexandre, permanece vivo, quando na verdade deveria ter
morrido. Imagine uma pessoa que continua viva, mas não tem mais direito à vida.
Pelo menos, não aqui, nessa dimensão.
Esse “erro” cósmico, pode
desencadear o fim de todo o sistema vivo que se conhece. E na dimensão dos “mortos”,
Alexandre vai passar por perigos e treinamentos intensos para salvar seu irmão
da inexistência, enquanto Quenom e Conselheiro (dois personagens de outra
dimensão) quebram cabeça para saber o que devem fazer para resolver essa falha
no sistema e que quebra salvar todo mundo.
Enquanto temos o desenvolvimento
dos acontecimentos com Alexandre, acompanhamos o drama de Gílson, um “tio” dos
rapazes, que se vê no meio dessa confusão e justo ele, que se acha tão inepto,
terá que cuidar de Vitor e Noêmia, a mãe dos garotos, que sofre um choque
tremendo com a morte de um dos filhos.
Os personagens são bem
construídos e a carga de drama do livro é bem delineada. Talvez pela formação
do autor do livro ser de teatro, a maior parte dos diálogos me lembram cenas de
teatro mesmo, com trejeitos dos personagens e detalhes que só seriam possíveis
de capitar se estivéssemos assistindo a cena, e que, mesmo assim, conseguimos
absorver com a leitura.
O livro traz conceitos
interessantes sobre a vida e a morte, e nos apresenta a ideia dos “paralelos”,
pessoas que, ao desencarnarem tornam-se seres guardadores dos que permanecem
vivos.
Há ainda, a presença de vários
capítulos que procuram explicar conceitos de física quântica, e outras tecnicalidades
que, tornaram a leitura do livro maçante. Não desisti da leitura pois queria
saber o que aconteceria com os irmãos e com o universo retratado.
No entanto, tive a sensação de
que, quando todos os conceitos foram passados, a história se perdeu. Houveram
tantas explicações sobre a origem do universo, sobre a origem de deus e da vida, que acabaram esquecidas algumas
explicações da próprio romance. Por exemplo, a mãe dos rapazes entra num estado
de alerta geral e quase catatônico com a morte de Alexandre e começa bater na
tecla de que o filho está em perigo. E, realmente, na dimensão onde ele foi
parar, estava correndo contra o tempo. Só que, ela esquece completamente que
tem um outro filho, o Vítor.
O livro termina sem explicar o
motivo da mãe ter esquecido do filho. O livro termina sem dizer o que houve com
Gílson, Noêmia e Beatriz (uma das personagens mais irritantes do romance). Bem,
tudo fica subentendido, mas mesmo assim, ficou a sensação de que algo faltou,
sabe?
Outra coisa que considero uma
ponta solta na história, é que não houve explicação da empatia quase exagerada de
Ihmar (uma receptora) por Alexandre. Ela fica extremamente abatida quando ele
cumpre sua missão e fim. Não há um desfecho para ela.
Houve um detalhe na narrativa que
me incomodou, e não consegui detectar se houve algum intuito do autor no uso
desse recurso. O livro começa com a narrativa em primeira pessoa, do personagem
Alexandre. Por existirem vários pontos de
vista e mais de um cenário, os capítulos que não falavam de Alexandre estavam em
terceira pessoa. Até aí, tudo bem. Mas na terceira parte do livro em diante,
mesmo quando são os capítulos do Alexandre, a narrativa continua em terceira
pessoa. Foi como se o personagem tivesse se dissolvido na trama.
Paralelos é um livro muito rico,
mas imagino que os conceitos que ele traz poderiam ser ainda mais simplificados
e fechar melhor os arcos das histórias dos personagens. No entanto, os
personagens são bem desenvolvidos e a narrativa nos faz ter naturalmente
empatia por eles.
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