Autor: Neil Gaiman
Gênero: Ficção, fantasia, romance
Páginas: 80
Editora: Intrínseca
Em algum ponto lá em baixo haverá spoiler desse livro. Mas não se preocupe, eu aviso quando vai ser. Até lá, pode ler e não se preocupe. Antes da sinalização não spoiler algum.
Esse livro é um conto de Neil
Gaiman. A essa altura do campeonato, imagino que o escritor dos quadrinhos
Sandman dispense apresentações, certo?
Muito bem, estava eu, toda
enlouquecida com as promoções da Amazon quando encontrei esse livro. Não deu
outra: na semana seguinte já estava sobre a minha mesa, aguardando a leitura. E
eu li.
Apesar da miscelânea de prosa e
quadrinhos não ser um recurso novo, achei o projeto gráfico muito bonito, com
as ilustrações de Eddie campbell. O Livro todo tem um ar lúgubre, fantasmal e
úmido. A própria capa já é escura o suficiente e dá uma sensação de
desolamento.
O conto se passa numa Escócia
antiga e trata da busca de um anão por uma caverna onde supostamente ele
encontraria ouro suficiente para trazer de volta o rei em que acredita. Acontece
que essa caverna cheia de ouro não pode ser facilmente encontrada e o anão
precisará de um guia.
Uma vez garantido o guia, o conto
se desenrola através das lembranças do anão que é também o narrador.
O livro começa com uma pergunta
impactante: “Indaga se sou capaz de me perdoar?”. E a partir daí acompanhamos
uma jornada em busca de algo que acaba se transformando em uma busca pela
verdade. A verdade pode ser muitas coisas e causar muitos efeitos colaterais.
Entre eles, despertar o desejo de vingança.
Desde o primeiro momento, um
clima tenso de desconfiança se instala entre o personagem anão (cujo nome não é
mencionado em passagem alguma) e Calum MacInnes, seu guia. Durante a leitura
ficamos indecisos sobre em quem acreditar. Afinal, eles parecem dizer meias
verdades ou verdade nenhuma. E me vi ficando tão paranoica quantos os
personagens. Aqui não uma divisão entre “bem” e “mal”. Eles apenas são e ponto.
Apesar do livro apresentar com
todas as letras o DNA Gaiman, com a certeza das coisas não ditas, e as verdades
etéreas, uma coisa me incomodou muitíssimo. E, se você ainda não leu esse
livro, eu sugiro que deixe a leitura dessa resenha a partir daqui. É que, pela
primeira vez na minha vida resenhista, eu vou atravessar essa porta chamada
Spoiler.
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Vai mesmo continuar?
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Continue por sua conta.
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Eu avisei. Tem spoiler.
Existe uma morte nessa história.
A filha que o Anão pensava ter fugido há mais de 10 anos, está morta. Ele
descobre isso no caminho para a caverna onde deveria encontrar seu ouro.
Acontece que nem todo o lirismo
de Gaiman e nem todo o meu amor e respeito pelo trabalho dele evitaram que eu
achasse absurda e no sense a forma como se deu a morte da garota.
Flora (esse era o nome da filha
do anão) teve seu cabelo preso à uma espinheira e uma vez PRESA PELO CABELO,
ela não conseguiu se desvencilhar. Não, ela não conseguiu gritar por socorro.
Ela não conseguiu desfazer o nó do cabelo. E nenhum grupo de buscas encontrou a
garota que estava no mesmo lugar em que as vacas de seu pai pastavam. Ela
MORREU PRESA PELO CABELO.
Quando terminei a leitura, a
única coisa que eu conseguia pensar era: ELA MORREU PRESA PELO CABELO. POR
QUEEE?! Claro que muitas coisas podem ter acontecido. E quem contou como a
garota morreu poderia ter mentido, contando uma outra versão da história, para
parecer menos culpado. Ainda assim... ainda assim... uma garota morreu PRESA
PELO CABELO!
Pronto. Acho que me sinto melhor
agora que desabafei minha indignação.
Não posso dizer que indico a
leitura desse livro, apesar de ter amado o projeto gráfico e ter adorado o
clima soturno e paranoico do conto.
Até a próxima folks!
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