Ué, se você sempre vai à Bienal de SP, Por que tem que ir na
do Rio? Me fizeram essa pergunta mais de uma vez. E talvez esse post
responda isso. Talvez não.
No Rio encontrei autores, amigos, batemos papo, conheci
novos livros, passei por aventuras e fiz novos amigos e claro, trouxe uma
quantidade de livros pra casa...
Toda Bienal é uma festa, uma
celebração do encontro entre autores e leitores. Mas também é um aglomerado de
oportunidades de trabalho, de investimentos literários, parcerias e estudo de
tendências. A edição 2015 da Bienal do Rio trouxe um mar de jovens leitores às
editoras e estandes de livrarias. De repente, ler virou moda. Que bom! Só
espero que seja como o jeans: não saia de moda nunca!
Embora a Bienal pareça de longe
um mercadão para compra desenfreada de livros, revistas e porcarias aleatórias,
também é um ótimo lugar para conferir lançamentos, bater um papo bacana com
autores nacionais e descolar autógrafos. Adoro passear entre os estandes, principalmente
nos mais simples, das editoras pequenas, conversar com pessoas de carne e osso,
tirar fotos e conhecer novos trabalhos.
E cada passo de formiguinha vale
a pena. Toda vez que encontro um livro incrível e um escritor maravilhoso, toda
vez que descubro um novo universo e abro aquele sorrisão dizendo: “caraca! Isso
foi feito aqui!” tenho mais certeza ainda do desejo de ir na próxima, e na próxima e na próxima bienal.
Nesse artigo, falo apenas como
leitora e frequentadora de Bienais e outros eventos literários. Desligo aqui
qualquer conhecimento mercadológico, estatístico ou econômico. Baseio minha
opinião no que vi em dois dias de evento e em minhas aventuras anteriores.
Talvez eu esteja brisando muito e
de repente apareça um catedrático entendido e venha me dizer o contrário. Mas
achei incrível a quantidade de jovens na bienal desse ano. Estive lá nos dois últimos
dias. Vi uma quantidade assustadora de crianças, adolescentes e jovens de seus
vinte e todos anos, ávidos por livros. Vi pais incentivando o hábito da leitura,
levando seus pirralhos ao evento, enfrentando filas para pagar pelas obras. De
repente, meu coração encheu de alegria.
Claro, nem tudo é um jardim
colorido com borboletas encantadas. A busca por livros nacionais é
infinitamente menor do que pelos YA estrangeiros. Quero acreditar que estamos
em um processo: primeiro, as pessoas aprendem a ler e se interessam por livros.
Depois descobrem a quantidade de trabalhos fantásticos que temos aqui mesmo no
Brasil. E então, quem sabe, num futuro não tão distante, eu veja a literatura
nacional em destaque nas livrarias e nas próprias bienais. Não me dê um tapa na
cara nesse momento. Deixe-me sonhar só mais um pouquinho.
Voltando à pergunta do inicio desse post: Ué, você não vai na Bienal de SP? Por que tem que ir na do Rio?
Eu tenho essa mania piegas de guardar
meus livrinhos autografados, com orgulho e carinho. Não acho que escritores
devam ser tratados como estrelas pop, mas com respeito, e sobretudo,
reconhecimento: Afinal, alguém foi corajoso o suficiente para por suas ideias
num papel, publicá-las e dividir, seja seu ponto de vista, seu novo universo ou
sua inspiração. Cada escritor está lá, se expondo, mostrando o quanto a falta
de atenção pode tornar seu trabalho frágil.
Alguns dos livros mais incríveis
que li nos últimos anos foram adquiridos em bienais, depois de uma conversa
animada com autores dispostos a semearem seus livros em mentes abertas. E é
desses encontros que não abro mão.
Desde 2012, o evento da Bienal,
tem sido “anual” para mim. Tenho me revezado, frequentando a do Rio e de São
Paulo. Não é que eu seja uma louca gastadeira, uma livrólotra desenfreada (ou talvez
seja). Mas nos últimos quatro anos, tenho acompanhado o público crescente, as
transformações nos gostos literários e nas pessoas.
Se eu fosse fazer uma
retrospectiva bem resumida, daria para marcar os “frissons” das últimas
edições:
2012 (SP) – o polêmico 50 tons de
cinza estava pra todo lado.
2013 (RJ) – Vi um monte de
sacolas transparentes carregando A Culpa é das Estrelas, de Jonh Green. Lembro
de ver muito livro do Nicholas Sparks e seus romances água com açúcar. Teve
lançamento do livro do canal do youtube Porta dos Fundos também.
2014 (SP) – Tinha livro de jovem
adulto pra todo lado. Jonh Green ainda estava na parada e a Talita Rebouças carregando
uma legião de garotinhas. Cassandra Klare também arrancou suspiros e lágrimas
de fãs que não puderam entrar no auditório para vê-la.
2015 (RJ) – Não aguentava mais
ver a cara da Kéfera e do Cristian Figueiredo pra todo lado. Parece que esse
ano, o lançamento de livros de youtubers está em alta, sei lá.
Claro que esse é meu ponto de
vista unilateral, desprovido de qualquer outra visão apurada, e sem nenhuma
base de dados sociais-econômicos-antropológicos-editoriais.
Lembro de quando fui à Bienal do
Rio em 2013. Fiquei maravilhada com os estandes enormes, os corredores largos,
os jardins e banheiros limpinhos. Esse ano foi a mesma coisa e ainda assim me
diverti muito mais. Dessa vez tinha amigos para encontrar e reencontrar,
autores para prestigiar novamente.
O Rio Centro (que de centro não
tem nada, fica no fim do mundo, quase uma outra dimensão) é gigante, com três
pavilhões enormes e jardins. Ele é quase o lugar perfeito, não fosse sua
localização. E mesmo assim o carioca vai lá, pega dois, três ônibus, metrô,
balão, asa delta, etc. Enfrenta fila e ainda tem saco para dar atenção a
autores, tirar foto, incendiar estandes e esgruvinhar promoções.
Foi na Bienal do Rio que comecei
a encarar esse evento como uma grande festa, uma celebração louca, para mais de
meio milhão de pessoas, de todas as idades e credos. E assim, como quem não
quer nada, partilhei de uma alegria engraçada, um sentimento coletivo de que as
coisas, pelo menos no mundo dos livros, estão andando e que as pessoas estão
lendo mais ou começando a ler.
Foi divertido, como tudo na vida
tem que ser.
E que venha 2017! ;)
Para conferir o albúm completo, visite a página do Barato, clicando aqui!
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