Autor: Kizzy Ysatis
Gênero: Romance, Ficção, Literatura Brasileira
Páginas: 264
Editora: Novo Século
“Acredite e não tenha medo;faça o seu que a magia acontece; enxergue primeiro que depois aparece.”
“Diário da Sibila Rubra”, do escritor nacional Kizzy Ysatis, é de um encantamento sedutor. Com capítulos curtos e doses homeopáticas de poesia e sonhadoras referências, somos envolvidos em silêncio pelos pensamentos da protagonista, ecoados nas páginas de um diário.
Os
acontecimentos relatados no diário, se passam
entre o finalzinho do século XIX e comecinho do século XX, na Ilha de Santa
Catarina (sim, aqui mesmo no Brasil), onde morte, amor, mistério, entes do
folclore nacional e europeu dançam graciosamente a mesma valsa ao som do ultrarromantismo
de bruxas, crendices e vampiros entre outros seres fantásticos no cenário
gaúcho que já inspirou tantos e tantos poetas.
No
eixo central da história, temos as Sibilas que originalmente, são personagens
mitológicos, oráculos criados pelos deuses e que nesse livro recebem uma nova
representação: A Ordem das Sibilas Rubras, que de tão encantador chega a
perturbar.
Numa
narrativa não linear, nos encontramos à mercê das lembranças de Elaine
Voltaire, e descobrimos que ler um diário é ver uma história com os olhos de
quem escreveu. E esse pequeno detalhe
causa verdadeiras surpresas. Bom... isso depende do ponto de vista de quem lê.
E esse é o meu.
O
romance apresenta muitos personagens cheios de vida ou despojados dela (como no
caso do vampiro Luar) e históricos como Álvares de Azevedo. Cada um tem sua
vez, agindo a seu modo e cumprindo sua sina: não importa o quanto torçamos,
seguem irremediável e inexoravelmente seus próprios rumos.
A
história é tecida de forma que vistamos as peles de todos, sem, no entanto, nos
darmos conta disso. É praticamente impossível eleger um favorito e até mesmo
quem naturalmente deveríamos odiar se mostra adorável. Eu já disse aqui um sem
número de vezes que tenho uns tombos feios por vilões. Mas no caso desse livro,
o que temos são antagonistas (de qualquer forma, antagonistas não deixam de
apresentar sua vilanidade de um jeito ou outro, você não acha?).
E
por falar em antagonista... o final mantém uma revelação cortante e que me
espicaçou o coração em agulhadas. E é claro que não vou contar o que é. Mas
logicamente meu diafragma estancou quando li aquelas linhas no capítulo, ou
melhor, “Opus treze – O Duelo da Sibila rubra e a luta efêmera do lâmia”, ao
som de Klavier, da banda alemã Rammstein.
Então,
quando recuperei um pouco da serenidade, pensei comigo mesma: “Ora, o que eu
podia esperar de uma bruxa e um vampiro na mesma história? Luar, seu grande
@#%$%*¨¨!”.
O
livro inteiro é de um cuidado esmerado, com doces citações abrindo capítulos
que se intricam e interligam com maestria. A capa encanta, e o conteúdo é
onírico e imersivo. Foi algo como se, ao constatar os defeitos e qualidades dos
personagens, entrássemos em contato com nossos próprios. A aura dessa leitura
vai muito além da identificação.
Não
é a toa que o “Diário da Sibila Rubra” é uma obra memorável em todos os
sentidos: O trabalho incansável de pesquisa ressona em cada linha e a
sensibilidade do autor em construir cada um dos personagens, arremata com toque
de mestre as referências de um berço de literatura clássica, seja ela nacional
ou não. O que torna esse livro uma daquelas obras inesquecíveis, que só de
olhar ali, na prateleira, causa suspiros.
Depois
de todos esses parágrafos nem preciso dizer que a leitura é recomendadíssima,
não é mesmo?
E você? Conta pra gente o que achou dessa resenha ou nos dê dicas de livros para resenhar! ;D
Até a próxima folks!
E você? Conta pra gente o que achou dessa resenha ou nos dê dicas de livros para resenhar! ;D
Até a próxima folks!
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