A História
O cenário de Uma Guerra de Luz e Sombras é a
cidade de Las Vegas, onde uma força tarefa é montada para agir com mais
liberdade contra o crime de narcóticos, que tinha se transformado num problema
bem pesado para o governador. Mas na verdade é só para deixar a imagem do
governador bem bonita perante o povo... Logo no inicio a ambientação nos deixa
a vontade, lembrando muito o clima de seriados policiais. Os escolhidos para
formar a força tarefa são cinco rapazes, que apesar de já fazerem parte da
polícia, têm um currículo duvidoso: Al, Carlson, Ken, Eduardo e Danny (opa!
Danny... okay. Aqui começou minha série de identificações...). Como a primeira
missão acaba sendo um desastre, um novo membro é adicionado à equipe: Theodore
Lanark, que tem o objetivo de organizar e unir os rapazes. Sob seu comando o
grupo se torna mais coeso (vira uma família, para ser sincera. Adoro a forma
como ele se refere à sua equipe, como “meus garotos”) e logo começa a ter um
certo reconhecimento e sucesso, invejadíssimo pelos outros departamentos de
polícia, que começam a desenhar suas insatisfações, deixando a “Força Tarefa”
de Lanark mal vista. Mas ele não está nem aí, e essa característica de não
ligar para o que os outros pensam é muito forte no tenente, tornando-o um dos
personagens mais marcantes do livro (na minha humildíssima opinião).
O protagonista se chama Danny Sheley, um moço
com dons mediúnicos (cheguei a essa conclusão sozinha, mas você está livre para
entender o que quiser) que é um dos integrantes da Força Tarefa. Como se não
bastassem os esqueletos que ele já guardava no armário, sua vida muda
radicalmente depois que sua equipe começa a investigar um grupo criminoso muito
esquisito e peculiar, que servia a um magnata, que está mais para o vilão mais
hediondo, mais cruel, mais coisa-ruim e demoníaco de todos os tempos. E para o
desespero do leitor, Danny acaba caindo nas garras desse demônio (Aqui as cenas
me assustaram tanto que me lembro de nessa noite não conseguir dormir, ouvindo
gemidos, senti cheiro de sangue, de enxofre. Nessa noite eu assisti uma comédia
bem boba, bem burra. Mas eu não consegui dormir mesmo assim. No dia seguinte
cheguei ao trabalho com uma cara péssima).
Na tentativa de resgatar o amigo das garras
imundas e demoníacas de De La Cali, os integrantes da força tarefa buscam pela ajuda
de Landau, um haitiano que está no mundo do crime, mas que tem uma ligação
fortíssima com um tipo de magia que não conhecemos muito: o Vodu. Landau é
misterioso e encantador. As coisas
conseguem ficar ainda mais estranhas quando mais um membro é adicionado aos
vigilantes: Billie Jean Sparks, uma policial com um pé no mundo místico. Ela
foi uma personagem a quem me agarrei com unhas e dentes. Sua presença tornou a
leitura mais leve e divertida. Em cada capítulo em que ela estava lá me fazia
respirar aliviada, embora o medo do terror do início me fizesse sentir o peito
estremecer e o estômago revirar. Mas ela estava lá mostrando que nem só de
crueldade, maldade e violência vive o pessoal de Uma Guerra de Luz e Sombras, e
me peguei rindo várias vezes das passagens bem humoradas do livro. Uma das
minhas cenas preferidas se passa dentro de um carro, em que um parto tem que
ser feito sob uma saraivada de tiros e solavancos, pois estão em pleno
movimento fugindo da perseguição de bandidos barra pesada!
E quando as feridas pareciam doer menos o
terror voltou... de um modo que eu não poderia imaginar, de um modo que eu não
gostaria de encarar. Para quem tem a alma sensível ou um gosto por leituras
mais suaves, vai apanhar um bocado, pelo menos, eu apanhei muito, por que lá no fundo eu não aceitava tanto
sofrimento, tanta crueldade. Não, eu não aceitava. E quando não aceitamos temos
um pânico do inaceitável bater na nossa cara e dizer que ele existe e está bem
ali na nossa frente. Então negamos com todas as forças. Eu neguei. Eu sofri e
doeu. Mas sobrevivi bravamente ao início do livro e quando virei a última
página entendi que a mágica de um bom livro não é enveredar pelo o que
esperamos, mas se manter fiel ao que a história exige, aos caminhos dos
personagens. Houveram momentos de alegria, momentos fofíssimos, mágicos,
tensos, cruéis e sobrenaturais. E sei que esse livro não poderia terminar de
outra maneira: os personagens não cresceriam tanto se não tivesse sido de outra
forma.
Impressões...
Sobrenatural. Já que toquei
nessa palavra, me atrevo a dizer que Uma Guerra de Luz e Sombras surpreende não só
pelo seu poder de imersão e de imagem, mas também pela ligação com eventos
sobrenaturais que é feita gradativamente, pulsando como sinais que nem sempre
estamos dispostos a ver. Um dos desafios mais complexos que os personagens
tiveram de enfrentar foi o processo de aceitação de que existem coisas que a
racionalidade não pode conceber e que é exatamente por isso que temos de nos
manter abertos para tudo que foge aos olhos. Do contrário, podemos nos vestir
com a armadura da ignorância e erguer um muro de desculpas para mascarar nossa
covardia.
Toda a galera de U.G.L.S. foi desenvolvida com
a precisão cirúrgica de quem conhece a alma humana e sabe que o impossível não
é uma palavra que vibre na mesma frequência do que um dia poderemos ser através
de nossas escolhas. São todos maduros e completos, com suas qualidades e
defeitos, com suas manias, tiques, vícios, fraquezas e forças.
O projeto gráfico
da capa é incrível, e a diagramação nos deixa muito confortáveis, pois o livro
tem 608 páginas, e mesmo assim a leitura flui rapidamente! Os capítulos não são
longos, o que torna a leitura muito mais dinâmica. Normalmente eu diria que
devorei o livro, mas a verdade é que fui devorada por essa leitura. Se isso é
bom ou ruim, não sei, mas o fato é que uma Guerra de Luz e sombras é fantástico
e merece ser lido sem ressalvas e pré – conceitos. E mesmo que você os tenha, garanto
que quando terminar estará tão nu quanto eu, totalmente despido de ideias pré-
concebidas e talvez
até disposto a deixar de lado aquele orgulho de ser alguém que acha que já sabe
tudo, que já viu de tudo.
Quando a própria
Eddie falou sobre o livro, eu jamais poderia imaginar o quão denso, violento,
inquietante, cruel e dolorido ele realmente seria. Até Lê-lo. Existem alguns raros
livros que não nos oferecem a opção de não mergulhar. De não vestir a pele de
cada personagem, de não sofrer nem dividir os medos, alegrias, anseios e
amores. Eles simplesmente te arrastam com ondas gigantescas para o fundo do
mar, e não, você não virá à tona enquanto não terminar de ler.
Uma
Guerra de Luz e Sombras é assim. Um oceano, com tsunamis e furacões, um terreno
instável pronto para abrir sob seus pés e tragá-lo para um mundo de escuridão e
rutilância... Cheguei a pensar que isso
se devesse a minha imaginação altamente impressionável. Mas havia muito mais.
Uma Guerra de Luz e Sombras tem vida própria, e cada um dos personagens poderia
ser qualquer um de nós e nós poderíamos ser todos eles. E é exatamente isso que torna a leitura tão
assustadora: A realidade. Que funciona nesse caso como os tijolos e a fundação
da ficção. Ficção? Não... Uma guerra de Luz e sombras é um universo paralelo,
perigosamente próximo a nós... onde entramos em contato com nossos piores medos
e descobrimos outros que nem fazíamos ideia que pudessem existir, é onde
entramos em choque quando nossas crenças
e convicções são postos a prova e sentimos na boca o gosto amargo do pânico, do
sofrimento e da impotência de não passar de um mero expectador. E essa impotência adquire graus cada vez mais
inimagináveis quando você se vê refletido nos personagens. Há algo de você ali
dentro. A história está viva e pulsa em cada um de nós.
Durante
toda leitura sofri com palpitações, chegava em casa de estômago embrulhado, o
corpo dolorido, a cabeça girando. Eu não queria assimilar. Era muita dor,
MU-I-TA DOR.
Para terminar, preciso deixar claro que uma Guerra de Luz e Sombras
esgruvinhou meus medos, virou muitas chaves aqui dentro e destrancou muitas
janelas, para deixar o sol entrar através de mensagens como lealdade, coragem,
fé, esperança e força. E Não. Nunca seremos tão bonzinhos ou tão mausinhos
quanto gostaríamos de imaginar. Somos complexos demais para caber em rótulos e
ingênuos demais para achar que podemos rotular tudo.
Pois é... Acabei aprendendo que as coisas mais fantásticas que podem
acontecer conosco precisam de um espaço só delas em nossas vidas. E você, está
pronto para encarar uma leitura que é capaz de te trazer tudo isso? Espero que
sim e boa viagem!
A Escritora:
O protagonista se chama Danny Sheley, um moço com dons mediúnicos (cheguei a essa conclusão sozinha, mas você está livre para entender o que quiser) que é um dos integrantes da Força Tarefa. Como se não bastassem os esqueletos que ele já guardava no armário, sua vida muda radicalmente depois que sua equipe começa a investigar um grupo criminoso muito esquisito e peculiar, que servia a um magnata, que está mais para o vilão mais hediondo, mais cruel, mais coisa-ruim e demoníaco de todos os tempos. E para o desespero do leitor, Danny acaba caindo nas garras desse demônio (Aqui as cenas me assustaram tanto que me lembro de nessa noite não conseguir dormir, ouvindo gemidos, senti cheiro de sangue, de enxofre. Nessa noite eu assisti uma comédia bem boba, bem burra. Mas eu não consegui dormir mesmo assim. No dia seguinte cheguei ao trabalho com uma cara péssima).
E quando as feridas pareciam doer menos o terror voltou... de um modo que eu não poderia imaginar, de um modo que eu não gostaria de encarar. Para quem tem a alma sensível ou um gosto por leituras mais suaves, vai apanhar um bocado, pelo menos, eu apanhei muito, por que lá no fundo eu não aceitava tanto sofrimento, tanta crueldade. Não, eu não aceitava. E quando não aceitamos temos um pânico do inaceitável bater na nossa cara e dizer que ele existe e está bem ali na nossa frente. Então negamos com todas as forças. Eu neguei. Eu sofri e doeu. Mas sobrevivi bravamente ao início do livro e quando virei a última página entendi que a mágica de um bom livro não é enveredar pelo o que esperamos, mas se manter fiel ao que a história exige, aos caminhos dos personagens. Houveram momentos de alegria, momentos fofíssimos, mágicos, tensos, cruéis e sobrenaturais. E sei que esse livro não poderia terminar de outra maneira: os personagens não cresceriam tanto se não tivesse sido de outra forma.
Sobrenatural. Já que toquei
nessa palavra, me atrevo a dizer que Uma Guerra de Luz e Sombras surpreende não só
pelo seu poder de imersão e de imagem, mas também pela ligação com eventos
sobrenaturais que é feita gradativamente, pulsando como sinais que nem sempre
estamos dispostos a ver. Um dos desafios mais complexos que os personagens
tiveram de enfrentar foi o processo de aceitação de que existem coisas que a
racionalidade não pode conceber e que é exatamente por isso que temos de nos
manter abertos para tudo que foge aos olhos. Do contrário, podemos nos vestir
com a armadura da ignorância e erguer um muro de desculpas para mascarar nossa
covardia.
Para saber mais sobre a autora do livro visite suas páginas na internet: Facebook Alcateia Revista Wicca
Eddie Van Feu escreve desde que conseguiu segurar um lápis pela primeira vez. Trabalhou em diversas áreas, mas nunca deixou de contar histórias. Entrou para o mercado editorial com a Editora Escala, onde trabalha até hoje como integrante do conselho editorial. Dentre suas principais publicações estão Anjos, Wicca, Alcatéia, Contos de Leemyar, O Portal, Lua das Fadas, O Trono Sem Rei e agora, a Trilogia Uma Guerra de Luz e sombras.
4 comentários:
Essa resenha está tão bem escrita, mas tão bem escrita, que me deu vontade de ler Uma Guerra de Luz e Sombras AGORAAAA!!! Excelente texto de alguém que passou mal - literalmente - ao ler essa estranha obra, mas não abre mão dos bons momentos e mensagens que ele traz. Me fez lembrar muito todos os caminhos que me levaram a escrever esse livro, a conhecer cada um dos personagens e a me inspirar para escrever os próximos! Valeu, Dany Fernandez!
Fiquei muito feliz que tenha gostado!
Livros bons merecem destaque sempre!
O que posso comentar aqui sobre essa super resenha e sobre esse super livro? Essa resenha fala tudo, nos deixa sem palavras balançando a cabeça em concordância.
Sabe quando repetimos na intenção tola de convencer a nos mesmos que não existe certo nível de crueldade? Pois é, essa história nos leva a uma visitinha naquele quarto escuro onde escondemos os nossos medos. (E ela não nos deixa virar a cabeça e negar.)
Billie Jean foi como uma chuva deliciosa no deserto. E acho que todos nós nos agarramos com força à ela. (Que diferença uma pessoa pode fazer!)
Mas apesar de remexer lá no fundo,de me deixar sem saber a direção de casa as vezes quando lia no ônibus rs. Ele nos mostra outros lados, como: a vontade e fé humana, o valor da verdadeira amizade...
E se você estivesse lá? Teria forças para fazer as mesmas escolhas? Eu encarei, e valeu muito a leitura. Parabéns pela resenha Dany.
Caraca Lili! Que comentário incrível! Sabe, preciso dar um jeito de receber as notificações do blog decentemente!
Muito obrigada por ter me dado um pouquinho do seu tempo e lido a resenha! <3
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